segunda-feira, abril 23

Alguns dos Principais Pedagogos:

12.1 Alguns dos Principais Pedagogos:



Pestalozzi – é considerado um dos defensores da escola popular extensiva a todos. Reconhece firmemente a função social do ensino, que não se acha restrito à formação do gentil-homem.

Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 1746 em Zurique, na Suíça. Na juventude, ele abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura. Quando a empreitada se tornou o primeiro de muitos fracassos materiais de sua vida, Pestalozzi levou algumas crianças pobres para casa, onde encontraram escola e trabalho como tecelãs, aprendendo a se sustentar. Alguns anos depois, a escola se inviabilizou e Pestalozzi passou a explorar suas idéias em livros, entre eles Os Crepúsculos de um Eremita e o romance Leonardo e Gertrudes. Uma nova chance de exercitar seu método só surgiu quando ele já tinha mais de 50 anos, ao ser chamado para dar aulas aos órfãos da batalha de Stans. Mais duas experiências se seguiram, em escolas de Burgdorf e Yverdon. Nesta última, que existiu de 1805 a 1825, Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores. Divergências entre eles levaram a escola a fechar. Yverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da época.

Para a mentalidade contemporânea, amor talvez não seja a primeira palavra que venha à cabeça quando se fala em ciência, método ou teoria. Mas o afeto teve papel central na obra de pensadores que lançaram os fundamentos da pedagogia moderna. Nenhum deles deu mais importância ao amor, em particular ao amor materno, do que o suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). 

Antecipando concepções do movimento da Escola Nova, que só surgiria na virada do século 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. "Segundo ele, o amor deflagra o processo de auto-educação", diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil. 

A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, o pensador suíço não concordava totalmente com o elogio da razão humana. Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral - isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade. 



Froebel – privilegia a atividade lúdica por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor e inventa métodos para aperfeiçoar as habilidades.

Frase de Friedrich Froebel: 

“Por meio da educação, a criança vai se reconhecer como membro vivo do todo” 

Filho de um pastor protestante, Friedrich Froebel nasceu em Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782. Nove meses depois de seu nascimento, sua mãe morreu. Adotado por um tio, viveu uma infância solitária, em que se empenhou em aprender matemática e linguagem e a explorar as florestas perto de onde morava. Após cursar informalmente algumas matérias na Universidade de Jena, tornou-se professor e ainda jovem fez uma visita à escola do pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), em Yverdon, na Suíça. Em 1811, foi convocado a lutar nas guerras napoleônicas. Fundou sua primeira escola em 1816, na cidade alemã de Griesheim. Dois anos depois, a escola foi transferida para Keilhau, onde Froebel pôs em prática suas teorias pedagógicas. Em 1826, publicou seu livro mais importante, A Educação do Homem. Em seguida, foi morar na 
Suíça, onde treinou professores e dirigiu um orfanato. Todas essas experiências serviram de inspiração para que ele fundasse o primeiro jardim-de-infância, na cidade alemã de Blankenburg. Paralelamente, administrou uma gráfica que imprimiu instruções de brincadeiras e canções para serem aplicadas em escolas e em casa. Em 1851, confundindo Froebel com um sobrinho esquerdista, o governo da Prússia proibiu as atividades dos jardins-de-infância. O educador morreu no ano seguinte, mas o banimento só foi suspenso em 1860, oito anos mais tarde. Os jardins-de-infância rapidamente se espalharam pela Europa e nos Estados Unidos, onde foram incorporados aos preceitos educacionais do filósofo John Dewey (1859-1952). 

O alemão Friedrich Froebel foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas – idéia hoje consagrada pela psicologia, ciência da qual foi precursor. Froebel viveu em uma época de mudança de concepções sobre as crianças e esteve à frente desse processo na área pedagógica, como fundador dos jardins-de-infância, destinado aos menores de 8 anos. O nome reflete um princípio que Froebel compartilhava com outros pensadores de seu tempo: o de que a criança é como uma planta em sua fase de formação, exigindo cuidados periódicos para que cresça de maneira saudável. “Ele procurava na infância o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convívio social”, diz Alessandra Arce, professora da Universidade Federal de São Carlos. 

As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a Froebel. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo. Com base na observação das atividades dos pequenos com jogos e brinquedos, Froebel foi um dos primeiros pedagogos a falar em auto-educação, um conceito que só se difundiria no início do século 20, graças ao movimento da Escola Nova, de Maria Montessori (1870-1952) e Célestin Freinet (1896-1966), entre outros.






Herbart – segundo ele, a conduta pedagógica segue três procedimentos básicos: o governo, a instrução e a disciplina.

“A pedagogia mostra os fins da educação; a psicologia, o caminho, os meios e os obstáculos” 

“Virtude é o nome que convém ao objetivo pedagógico em sua totalidade. É a idéia da liberdade interior convertida em realidade permanente numa pessoa” 

Johann Friedrich Herbart nasceu em Oldenburg, na Alemanha, em 1776, e conheceu alguns dos mais importantes intelectuais de seu tempo. Aos 18 anos, já era aluno do filósofo Johann Fichte (1762-1814) na Universidade de Iena. Logo em seguida, trabalhou durante quatro anos como professor particular em Interlaken, na Suíça, período em que ficou amigo do educador Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Tornou-se professor na Universidade de Göttingen em 1802. Seis anos depois, assumiu a cátedra deixada vaga por Immanuel Kant em Königsberg, onde lecionou até 1833, quando reassumiu o posto de professor de filosofia em Göttingen. Em Königsberg, fundou um seminário pedagógico com uma escola de aplicação e um internato. 
Os estudos mais importantes de Herbart foram no campo da filosofia da mente, à qual subordinou suas obras pedagógicas (entre elas, Pedagogia Geral e Esboço de um Curso de Pedagogia). A influência de sua teoria se estendeu a uma legião de pensadores, dando origem a várias interpretações, até entrar em declínio no início do século 20. 

A obra pedagógica de Herbart teve enorme influência em todo o mundo ocidental (e também no Japão) na segunda metade do século 19. Por se basear no princípio de que a mente humana apenas apreende novos conhecimentos e só participa do aprendizado passivamente, o herbartianismo resultou num ensino que hoje qualificamos de tradicional. “As escolas herbartianas transmitiam um ensino totalmente receptivo, sem diálogo entre professor e aluno e com aulas que obedeciam a esquemas rígidos e preestabelecidos”, diz a educadora Maria Nazaré. Herbart previa cinco etapas para o ato de ensinar.

 A primeira, preparação, é o processo de relacionar o novo conteúdo a conhecimentos ou lembranças que o aluno já possua, para que ele adquira interesse na matéria. Em seguida vem a apresentação ou demonstração do conteúdo. 

A terceira fase é a associação, na qual a assimilação do assunto se completa por meio de comparações minuciosas com conteúdos prévios. A generalização, quarto passo do processo, parte do conteúdo recém-aprendido para a formulação de regras globais; é especialmente importante para desenvolver a mente além da percepção imediata. A quinta etapa é a da aplicação, que tem como objetivo mostrar utilidade para o que se aprendeu



Século XIX: A Educação Nacional.

12. Século XIX: A Educação Nacional.

É no séc. XIX que se concretizam, com a intervenção cada vez maior do Estado para estabelecer a escola elementar universal, leiga, gratuita e obrigatória. Enfatiza-se a relação entre educação e bem-estar social, estabilidade, progresso e capacidade de transformação. Daí, o interesse pelo ensino técnico ou pela expansão das disciplinas científicas.











O Brasil na Era Pombalina

11. O Brasil na Era Pombalina.


Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, após a Reforma Protestante e durante a reação católica conhecida como Contra-Reforma. O objetivo de Inácio de Loyola era criar uma congregação de soldados de Cristo, propagadores da fé, sentinelas da Igreja. Assim, os jesuítas chegaram ao território da nova colônia portuguesa com objetivos bem claros: catequizar os indígenas e fazê-los cristãos, merecedores da salvação oferecida pela Igreja Católica.

Não demorou muito tempo, Padre Manoel da Nóbrega fez edificar a primeira escola de educação elementar, sob a tutoria de Irmão Vicente. A pedagogia girava em torno da mistagogia, da propaganda fidei e do ensino do português. Não obstante, os padres também aprendiam a língua nativa para facilitar a comunicação e a dominação indígena. Aos poucos, os jesuítas foram construindo escolas de médio e grande parte em quase todo o território conhecido na colônia. Foi um modelo pedagógico europeu que durou mais de duzentos anos, até a chegada do Marquês de Pombal.

Com o Marquês, em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, desestruturando o modelo educacional vigente até então. A Companhia passou o controle da educação nas colônias para o Estado. O primeiro passo de Pombal foi confiscar os bens e as escolas dos jesuítas. Em seguida, foram propostas as aulas régias de Latim, Grego, Filosofia e retórica para suprimir a carência deixada com a saída dos jesuítas. A população, porém, reclamava a falta de estrutura no ensino e dos jesuítas. Pombal criou ainda a figura de um Diretor Geral de Estudos para Portugal e suas colônias que teria a responsabilidade de coordenar a educação e pagar os professores.

O caos estava estabelecido. O sistema de aulas régias, com único professor e ministradas isoladamente, desfacelou a pedagogia jesuíta. Cada vez mais mal preparados, os leigos tomavam conta das escolas e das iniciativas educacionais, salvo nos seminários e casas religiosas que sobraram na colônia. As propostas de modernização no ensino foram aplicadas apenas em Portugal. No Brasil sentia-se o retrocesso: os jesuítas que haviam deixado a colônia tinham formado os leigos para a atividade de "mestres", portanto, mudaram-se os figurantes, mas o papel era o mesmo.

As aulas régias não se desvinculavam totalmente do ideal jesuíta: no latim a orientação era apenas de servir como instrumento de auxílio à língua portuguesa, o grego era indispensável a teólogos, advogados, artistas e médicos, a retórica não deveria ter seu uso restrito a cátedra. A filosofia ficou para bem mais tarde, mas efetivamente nada de novo aconteceu devido principalmente, às dificuldades quanto à falta de recursos e pessoal preparado.

As mudanças permaneceram no estereótipo do modelo europeu. Quem tinha condições de cursar o ensino superior enfrentava os perigos das viagens, para freqüentar a Universidade de Coimbra ou outros centros europeus. Como as "Reformas Pombalinas" visavam transformar Portugal numa metrópole como a Inglaterra, a elite masculina deveria buscar respaldo fora, para poder servir melhor na sua função de articuladora dos interesses da camada dominante.





Século das Luzes: O Ideal liberal de Educação.

10. Século das Luzes: O Ideal liberal de Educação.

O iluminismo é um período muito rico em reflexões pedagógicas. Um de seus aspectos marcantes está na pedagogia política, centrada no esforço para tornar a escola leiga e função do Estado. Apesar dos projetos de estender a educação a todos os cidadãos, prevalece a diferença de ensino, ou seja, uma escola para o povo e outra para a burguesia. Essa dualidade era aceita com grande tranquilidade, sem o temor de ferir o preceito de igualdade, tão caro aos ideais revolucionários. Afinal, para a doutrina liberal, o talento e a capacidade não são iguais, e portanto os homens não são iguais em riqueza.

"O Iluminismo é a saída dos homens do estado de minoridade devido a eles mesmos. Minoridade é a incapacidade de utilizar o próprio intelecto sem a orientação de outro. Essa minoridade será devida a eles mesmos se não for causada por deficiência intelectual, mas por falta de decisão e coragem para utilizar o intelecto como guia. 'Sapere aude!' 'Ouse usar seu intelecto!' é o lema do Iluminismo."


Assim o filósofo alemão Immanuel Kant(1724-1804) definiu esse movimento filosófico que se estendeu das últimas décadas do século 17 aos últimos decênios do século 18, em especial na França, Inglaterra, Escócia e Alemanha, embora sua influência tenha se expandido até o Novo Mundo.


As luzes da razão



Essa linha filosófica se caracteriza pelo empenho em estender a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Nesse sentido, ela pretende levar as luzes da razão às trevas da ignorância e do obscurantismo e compreende três aspectos diversos, mas relacionados entre si:



  • Extensão da crítica a toda e qualquer crença e conhecimento sem exceção;


  • Realização de um conhecimento que, por estar aberto à crítica, inclua e organize os instrumentos de sua própria correção;


  • Uso efetivo do conhecimento assim atingido com o fim de melhorar a vida privada e social dos homens.


  • Fé na razão

    Se por um lado o Iluminismo adota a fé na razão, ao mesmo tempo considera limitado o poder da razão, cuja expressão típica é a doutrina da coisa em si, ou seja, os poderes cognoscitivos do homem, tanto sensíveis quanto racionais, vão até onde vai o fenômeno, mas não além, quer dizer, não atinge a coisa em si, independentemente de sua relação com o homem, para o qual é um objeto de conhecimento.

    Por outro lado, considerada a limitação dos poderes cognoscitivos, não existem campos privilegiados dos quais a crítica racional possa ser excluída. Em particular, isso implicava os campos da política, da moral e da religião, que até então eram tabus para o pensamento racional, aos quais o importante filósofo e matemático racionalista francês René Descartes (1596-1650) achava que a razão não tinha outra coisa a sugerir além da reverência às normas tradicionais.

    Princípios racionais de governo


    O Iluminismo não aceitava as renúncias cartesianas. Ao contrário, estendeu a indagação do domínio da religião e da política, propondo uma religião natural ou racional, fundada não na revelação histórica, mas na manifestação natural da divindade à razão do homem (deísmo), ao mesmo tempo que questionavam os fundamentos do poder absolutista e procuravam estabelecer os princípios racionais do governo e da organização social. Da mesma forma, evidenciando a importância dos sentimentos e das paixões na conduta do homem, buscam novos pilares para a vida moral do homem.

    Essa atitude crítica do Iluminismo expressa-se principalmente em sua hostilidade à tradição, que considera a força mantenedora das crenças e preconceitos que deveriam ser destruídos. Para os iluministas, tradição e erro coincidiam. Apesar de essa tese poder parecer exagerada hoje, não se pode esquecer que foi graças a ela que se venceram os poderosos entraves que a tradição impunha à livre pesquisa.

    O segundo aspecto a ser destacado no Iluminismo é que ele inclui o empirismo, ou seja, considera um atributo do conhecimento válido o fato de poder ser posto à prova. Essa atitude empirista garante a abertura da ciência e conhecimento em geral à crítica da razão, pois consiste em admitir que toda verdade pode e deve ser colocada à prova, sendo eventualmente modificada, corrigida ou abandonada.



    Valorização da ciência


    É essa atitude do Iluminismo que elevará a ciência (no sentido que essa palavra tem hoje) ao primeiro lugar na hierarquia das atividades humanas. A física - sistematizada primeiramente na obra de Isaac Newton - é considerada pelos iluministas como a ciência mãe ou como a "verdadeira filosofia". O Iluminismo também será decisivo para afastar a química da alquimia e assinalar as etapas fundamentais do desenvolvimento das ciências biológicas, com a obra de diversos naturalistas.

    Se os resultados obtidos pelas ciências dessa época - séculos 17 e 18, vale recordar - já foram ultrapassados nos dias de hoje, cabe ressaltar que eles puderam ser questionados e corrigidos pelo próprio compromisso fundamental do Iluminismo de não bloquear a obra da razão em nenhum campo e em nenhum nível, considerando todo resultado incompleto, provisório e passível de ser corrigido.


    Revoluções republicanas


    Finalmente, o Iluminismo inclui o compromisso de se utilizar a razão e os resultados que ela pode obter nos vários campos de pesquisa para melhorar a vida individual e social do homem. Politicamente, as idéias iluministas expressaram-se na Revolução Americana, de 1776, e Francesa, de 1789, que apresentavam como seu objetivo declarado a felicidade ou o bem-estar da humanidade.

    Além disso, no plano social, o Iluminismo é responsável por duas concepções de fundamental importância para a cultura moderna e contemporânea: os conceitos de tolerância e de progresso. O princípio de tolerância religiosa além de colocar a necessidade de convivência pacífica das várias confissões religiosas, também foi responsável pela separação entre religião e Estado. Por outro lado, o compromisso de transformação iluminista leva à concepção da história como progresso, ou seja, como possibilidade de melhoria do ponto de vista do saber e dos modos de vida do homem.


    Contemporaneidade


    Não há dúvida de que o Iluminismo é a matriz do nosso mundo contemporâneo, principalmente pelo impulso que deu à ciência e a laicidade (não-religiosidade). Embora, de um modo geral, em sua maioria, cientistas e intelectuais contemporâneos prestem culto ao Iluminismo e considerem suas "conquistas" como progressistas e inquestionáveis, não deixam de existir correntes de pensamento que discutem essa avaliação: afinal, a ciência e a tecnologia não só não resolveram inúmeros problemas da humanidade, como também criaram diversos outros: basta lembrar das armas de destruição em massa, dos efeitos da poluição ambiental, da mudança climática, etc.






    O Brasil do Séc. XVII:

    9. O Brasil do Séc. XVII:

    Por se tratar de uma sociedade agrária e escravista, não há interesse pela educação elementar, daí a grande massa de iletrados.






    Idade Moderna: A Pedagogia Realista.

    8. Idade Moderna: A Pedagogia Realista.

    O século XVII marca o surgimento da pedagogia realista que estabelece um momento de transição entre a pedagogia do renascimento e a pedagogia iluminista do século XVIII.

    A pedagogia realista é fortemente influenciada pelo empirismo de Francis Bacon e pelo racionalismo de Descartes. Também sofre a influência do movimento científico da época, liderado por Galileu e Kepler, sem mencionar a profunda revolução causada pela teoria heliocêntrica elaborada por Nicolau Copérnico, ainda no século XVI. 

    A pedagogia realista, que tem Ratke, Comenius e Locke como principais expoentes, busca substituir o conhecimento verbalista anterior pelo conhecimento das coisas. Para tanto, procura criar uma nova didática. Segue reafirmando com mais ênfase ainda a individualidade do educando e, na ordem social e moral, advoga o princípio da tolerância, do respeito à personalidade e de fraternidade entre os homens. 






    Brasil: Início da Colonização e Catequese - Os Jesuítas.

    7. Brasil: Início da Colonização e Catequese - Os Jesuítas.


    A Companhia de Jesus foi fundada por Inácio de Loiola e um pequeno grupo de discípulos, na Capela de Montmartre, em Paris, em 1534, com objetivos catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na Europa. 

    Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em março de 1549 juntamente com o primeiro governador·geral, Tome de Souza. 

    Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou·se o primeiro professor nos moldes europeus e durante mais de 50 anos dedicou·se ao ensino e a propagação da fé religiosa. 

    O mais conhecido e talvez o mais atuante foi o noviço José de Anchieta, nascido na Ilha de Tenerife e falecido na cidade de Reritiba, atual Anchieta, no litoral sul do Estado do Espírito Santo, em 1597. Anchieta tornou·se mestre·escola do Colégio de Piratininga; foi missionário em São Vicente, onde escreveu na areia os "Poemas à Virgem Maria" (De beata virgine Dei matre Maria), missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. Além disso foi autor da Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil.
    No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu·se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). 

    Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loiola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum. 
    Os jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar eles mantinham os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.

    No curso de Letras estudava·se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava·se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Os que pretendiam seguir as profissões liberais iam estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, e na Universidade de Montpellier, na França, a mais procurada na área da medicina. 

    Com a descoberta os índios ficaram à mercê dos interesses alienígenas: as cidades desejavam integrá·los ao processo colonizador; os jesuítas desejavam convertê·los ao cristianismo e aos valores europeus; os colonos estavam interessados em usá·los como escravos. 



    Os jesuítas então pensaram em afastar os índios dos interesses dos colonizadores e criaram as reduções ou missões, no interior do território. Nestas Missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também são orientados ao trabalho agrícola, que As Missões acabaram por transformar os índios nômades em sedentários, o que contribuiu decisivamente para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguem, às vezes, capturar tribos inteiras nestas Missões.
    Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. 

    A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolidado como modelo educacional.


    A atividade missionária dos Jesuítas facilita sobremaneira a dominação metropolitana e, nessas circunstâncias, a educação assume papel de agente colonizador.